A simplicidade...

Ao ter andado meia vida acabrunhado, irritado, exasperado com as mais diversas passagens, acontecimentos, momentos, a idade tem-me (posso escrever assim?) obrigado a mudar o olhar, o ângulo sobre tanta coisa. Dia após dia, reforço a convicção de que gastei demasiado tempo em lutas desnecessárias, em campanhas sem resultado, em apostas mal apostadas, em dar relevância ao que não devia ter dado. A ideia que fica, o que resta ou restou, diz-me que há valores bem mais importantes, que contam mais, que estiveram sempre presentes, apesar de nunca lhes dar qualquer atenção. Mas a treta do orgulho, desfocava tudo.
 

 
A simplicidade, o acto simples, a forma desbragada em que devíamos viver é, incomensuravelmente, mais importante do que tudo o resto. O resto, pela definição, não é mais do que o resto. É o que sobra, é o que não é divisível, é o que não é importante, tenha ele o valor que tiver, seja ele grande ou pequeno. O estado em que se fica após tantas e tamanhas constatações, é que andamos a caminhar, por aqui, em puro estado de estupidez, toldados por um conjunto de falsas ideias, de falsas perspectivas. Já na dita caverna era ou foi assim. 
 

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