Quinta da Bica e os seus Primores

Tempo, cuidado e pertinácia são atributos que definem, e bem, o modo de fazer vinhos na Quinta da Bica. O chão e clima destas bandas não permitem grandes veleidades.


A pressa ou pressão são sistematicamente combatidas pela enorme, e necessária, paciência. De outro modo, a emenda seria pior que o soneto.


Paisagem e temperaturas estão bem reproduzidas nas diversas barricas e cubas. Há frescura, cortante e intensa, há forte carga vegetal e muito espírito terroso.


As diversas amostras de Jaen, de Alfrocheiro, de Tinta Roriz, de Touriga Nacional, a solo ou em lote, das colheitas de 2010 e 2011, dispostas pelos cantos provam e comprovam, e bem, tal maneira de viver o vinho.


As primeiras (2010), apesar de imberbes, atestam já a complexidade, o pouco imediatismo, o viço. Prometem dar origem a vinhos firmes em personalidade. As segundas (2011) estão ainda pouco claras, tal crisálida no casulo.


Os Radix, na versão tinto 2009 e branco 2011, prestes a serem engarrafados, permitem um compromisso, um elo de ligação entre a tradição e a modernidade, sem perder por isso a face. Estão bem balanceados e joviais.


A referência máxima, depois destes dois, vai para um promissor Vinhas Velhas 2007. Vinho que consegue, já nesta fase de evolução, aguçar fortemente o apetite. Está brioso e perfumado. Está elegante e cativante.


É, assumidamente, um vinho adulto, para quem acredita piamente que existe mais qualquer coisa, mais qualquer coisa para além do trivial. Para não perder de vista.

Comentários

L. disse…
pois hoje fui tratar de adquirir este vinhas velhas... se os tempos fossem outros nao seria so uma garrafa, mas é que há... e certamente será mais um exemplo das loucas relações preço-qualidade do dão. 9.90 €