Château de Pressac

Vou armar-me em conhecedor e tentar internacionalizar, mais um pouco, este rochedo pregado no mar, frente à praia onde estão em animada conversa. Malditas ondas que não deixam ir ter com aquela gente. Eles parecem contentes. Entretanto, e enquanto o mar não acalma, mantenho-me no meio do escolho, orgulhosamente só. Luto comigo mesmo. Debato-me obstinadamente contra os meus diversos eu's.
Para falar do vinho, em causa, poderia começar com o terroir, e depois alongaria-me em enunciados replicados, mesmo que não soubesse o que estaria a recitar. Sempre dava um ar de entendido na matéria. Para ser franco, e devido à preguiça e desorganização pessoal, perceber vinhos franceses é coisa que parece ser hercúlea. Irra...Adiante.

Vinho, esse, é extremamente vegetal, com fortes impressões a lagar. Distante do habitué. Molhado, húmido, com pedra,  cheio de verde. Sem ponta de chocolate, sem cheiros de tabaco. Sem coco, despido de compotas. Perfumado por flores pequenas. Campestre no trato. Seco no sabor, espigado por vezes. Destinado a ser consumido junto de comida, forte, e por quem anda chateado com a normalidade. Simplesmente natural. Faltam, apenas, as perguntas inevitáveis: Que vinho é este? Não sei! É famoso? Não sei! Sei, apenas, que gostei. Simples, não é?

Comentários

Quinta de Fiães disse…
Parabéns pelo blog.
Esta nota de prova é simples?
É uma excelente nota de prova a deixar no interlocutor a vontade de ir também a prova :)
A deixar as questões técnicas para pesquisa mais adiante, notas de prova dão de facto conta do que apreciamos ao degustar um vinho, e é disso que se trata a degustação: provar!
Um bem Haja
Pingus Vinicus disse…
Qt de Fiães, obrigado pela presença. Comente sempre.

Um bem Haja!
Arnaud disse…
Rui,

Tive o prazer de visitar o Château de Pressac o ano passado. Até foi o ponto mais alto da nossa visita por terras bordalesa já que foi o único Château onde fomos recebidos pelo própio dono.
Château carregado de história (foi o sítio onde foi assinado o fim da Guerra de Cem Anos) e com uma localização fabulosa (vista sobre o vale, vinhedoplantado num planalto calcário), o novo proprietário esta à reestruturar a vinha que tinha sido quase abandonada. O objectivo sendo ser promovido à ‘Grand Cru Classé’. As vinhas são maioritariamente em encosta, todo o trabalho da vinha é feito manualemente (com a ajuda dum cavalo) e a vinha é tratada em modo de “agriculture raisonnée” (ajuda por favor). Alem das clássicas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, foi replantado Malbec nesta propriedade que costumava ter, já que um dos sinónimos do Malbec é Pressac....
Aí espero ter respondido à algumas das tuas perguntas ;-)
Depois de conhecer a história à volta do Châteaux de Pressac, é ainda mais simples gostar do vinho 
Bebi à pouco uma garrafa de 2002 que estava muito agradável, delicada de trato e marcada pela frescura e pelas notas de bosque. Tenho ainda uma de 2005 que tenciono deixar deitada durante algum tempo. Alguma ideia do potencial do 2005? Como estavam os taninos?

Abraço.

Arnaud
Pingus Vinicus disse…
Arnaud, os meus agradecimentos pelos teus esclarecimentos. Obrigado. Andei pelo site do produtor e de facto dava para ver que era uma casa com história.

Sobre o vinho, que gostei muito, diria que está efectivamente muito novo, duro, seco, com taninos bem presentes, vegetal e dizer-nos que merece guarda e descanso.

Mais uma vez, obrigado.
Abraço
Arnaud disse…
Rui,

De nada, o prazer foi meu. Achei interesante à diferença de abordagem entre nós: tu contente da descoberta 'à cega' sem precisar de saber mais do contexto (é um rótulo estrela ou não), eu igualemente contente da descoberta tambem 'à cega' através duma experiência mais marcada pelo contexto (história, paisagem, contacto com o produtor). Duas abordagens ao vinho diferentes mas tão prazenteiras uma como a outra :-)

Obrigado pelas indicações sobre o potencial de guarda!
Encontraste à venda cá em Portugal?

Arnaud
Pingus Vinicus disse…
Arnaud, este vinho veio de França. Nem sei se existe à venda em Portugal.