Saudades do Dão

Malvadas saudades que tenho da terra. Estou há demasiado tempo sem cheirar o ar. Sem sentir o movimento em volta do corpo. Ele é diferente. Ele tem outro sabor. Ele é mais intenso, mais rude. Faltam-me os odores e as cores do sítio. Começam, desgraçadamente, a sumir-se das minhas memórias. Os espaços em branco são desmedidos, tal fotografia amarelecida.

Coriscos para isto, apetece-me desprender-me de tudo, largar a urbe, a polis, despir esta roupa cortesã e retornar ao meio da tribo. Eles continuam pacatos, serenos, vivendo segundo regras diferentes. Beber o vinho da terra, cortar, de forma grosseira, a tripa ensacada com carne. 
Por enquanto, vou alimentando esse desejo, que consome, com cenários captados pela máquina ou metendo na goela largos e pujantes tragos de vinho. Recordam-se da simplicidade? Facínora! Deixa-me despojado de palavras. Nunca pensei que pudesse ser coisa com nobreza.

Post Scriptum: Vinho oferecido pelo Produtor.

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