Quinta da Murta Touriga Nacional 2005, um mundo Obscuro!

Ou provar, primeiro com enorme desconfiança, e depois ao beber, com larga satisfação, fiquei com a leve impressão que estava a trilhar caminhos estranhos, demasiado obscuros e afastados da urbanidade. 
O rótulo, só por si, assustava. Sabendo que a aparência não é tudo, podia ter havido maior cuidado na forma como vestiram a garrafa. Eles, o vinho e a garrafa, não mereciam. Mas, voltemos à narrativa.
O processo que levou à interpretação deste vinho parecia tratar-se de uma extraordinária jornada num mundo que, julgo, não existe: Sem imaginação! 

À medida que avançava na tarefa, as comoções vividas mais pareciam ser um conjunto desorganizado de alucinações, de momentos deslocados, sem nexo e sem termo de comparação. Nada fazia sentido. Nem eu e nem o vinho. A busca de uma lógica, para tudo aquilo, acabou por revelar-se infrutífera. Apesar do medo rodar por perto, a solução era seguir em frente, sem olhar para trás, sem olhar para os lados.
Findo todo aquele rolo de venturas e desventuras, ultrapassados obstáculos complicados, passadas todas ilusões e sugestões vividas, fica simplesmente a sensação de ter vivido, por momentos, uma mão cheia de lances anormais, singulares e, porque não, estupendos. Que raio de coisa!

Post Scriptum: Vinho disponibilizado pelo Produtor.

Comentários

Hugo Mendes disse…
Caro,
Estás-te a tornar um poeta… isso, vindo de uma mente treinada para o concreto (o homem é prof. de Matemática!) tem muito que se lhe diga!
Esse vinho tem uma história bonita, pois é fruto de uma casta plantada num sítio improvável (Touriga Nacional em Bucelas). Só se faz quando o ano deixa. Por exemplo estou com algumas esperanças para este ano!
O rótulo, veio da necessidade de romper com o que estava para trás e foi feito com base no nosso amadorismo para a criação de rótulos. Foi desenhado em casa e posso garantir-te que embora parece agora muito mau, deu muito gozo de fazer (foram muitas reuniões hilariantes). Na altura, no geral a imagem dos vinhos não era grande coisa.
Depois, é como te disse um vinho que adoro, pela diferença, pelo carácter, pela genuinidade… tudo aquilo que as distribuidoras não gostam de vender, que os supermercados não têm e que os produtores desistem de fazer.
Fica a impressão de que não gostaste do vinho… é isso?
Abraço
Hugo Mendes
Pingas no Copo disse…
Não Hugo, fica a impressão que gostei do vinho.
O enfoque era dar a ideia que apesar de diferente, estranho, por vezes díspar, conseguiu ter uma mão cheia de lances estupendos, ainda refiro, a dada altura, que pertence a uma realidade que não existe, a um mundo que não tem muita imaginação.

Dito isto, não me importariaria nada de ter mais vinhos deste género nas minhas mãos.

Se calhar que não consegui explicar a ideia convenientemente. Não quis fazer uma nota de prova tradicional, porque, julgava eu, não conseguiria transmitir a verdadeira alma de um vinho como este.

Um forte abraço
Rui
O AntiPingus disse…
O Pingus é um gajo louco, quando menos se espera diz qualquer coisa.