Independent Winegrowers Association no Ritz Four Seasons

"O projecto Independent Winegrowers’ Association nasce pela necessidade imperiosa de criar agrupamentos de empresas do sector vitivinícola que assegurem de forma mais eficaz a promoção conjunta dos seus produtos.
O alto standard de qualidade, a elevada consciência ambiental, uma produção totalmente vertical, reuniu na mesma iniciativa as empresas Casa de Cello, Domingos Alves de Sousa, Luís Pato, Quinta do Ameal, Quinta de Covela, e Quinta dos Roques.
Trata-se de um Special Interest Group onde os membros participam em acções conjuntas mantendo a sua autonomia empresarial ou comercial.
Sobre uma rede de relações de cooperação e interacção activa, visa-se promover o desenvolvimento de um agrupamento de viticultores independentes de qualidade, capaz de realizar acções de marketing no mercado nacional e internacional, com intervenção nos Estados Unidos, Inglaterra, Brasil, França, Alemanha e novos países da U.E.
Para o efeito, exige-se a organização de uma plataforma promocional e a definição e execução de acções no âmbito da comunicação de marketing: imagem institucional, relações públicas, relações internacionais, gestão da participação em feiras e show-rooms, gestão de eventos, etc.
A ligação dos vinhos a eventos culturais, um portal na Internet, visitas especiais de jornalistas, apresentação do conceito Winegrowers às empresas e associação a programas de operadores de viagens ou escolas hoteleiras e de escanções,
integrarão as principais actividades promocionais do grupo que pretende vir a intensificar as relações de cooperação à medida das suas oportunidades." Tudo isto foi retirado do site.

No passado dia 2 de Julho de 2008, no Hotel Ritz Four Seasons, este grupo de produtores disponibilizou a um conjunto de interessados uma prova (com presença alguns dos seus melhores vinhos).
Uma tarde que serviu para ouvir atentamente as palavras que saltavam do outro lado da mesa. A mim cabia-me a simples função de aprender com quem sabe e evitar ao máximo dizer asneiras (que é difícil).
A partir daqui, irei largar um conjunto de dicas (vagas) sobre um punhado de vinhos que fui provando e que merecem, por um motivo ou por outro, destaque. Os outros, os não falados, são velhos conhecidos de todos nós. Tornariam o enredo maçudo, chato e repetitivo.
A ordem de apresentação é meramente aleatória. Segue apenas o circuito que fiz, o que aparece descrito no meu velho e gasto caderno de apontamentos.

CASA de CELLO/QUINTA da VEGIA
Quinta de Sanjoanne Reserva Espumante Bruto 2002. Um espumante que andava de baixo de olho faz tempo. Pareceu-me ser um conjunto equilibrado, com notas de fermento, fruto seco e com uma bolha fina. Gostei pela suavidade. Para beber sem companhia.
Quinta de Sanjoanne 2007, um verde muito fresco, crocante. Fiquei com ideia que está em fase de organização. Valerá a pena tornar a prová-lo mais para a frente, pois a pulga alojou-se atrás da orelha.
Encerro a passagem por estes lados, para vos dizer que o Quinta da Vegia Reserva 2005 está num momento muito interessante de prova. Um vinho para a mesa, que não cansa.

QUINTA do AMEAL
Quinta do Ameal Espumante Bruto 2002. Austeridade pouco habitual (falo, naturalmente, da minha experiência).
A sensação de pedra molhada, cabeça de fósforo marcaram as primeiras notas aromáticas. Depois disto, arrancou para uma permonce muito interessante, com o vegetal e a maçã ácida a saltarem cá para fora.
Estilo gastronómico, a pedir um peixe assado no forno. Tomem atenção.
Quinta do Ameal Colheita 2007. Muito vegetal, com fartas sensações a erva orvalhada, a talo de tomate. Hortelã e espargo. Um vinho branco fresco, que consegue combinar seriedade e jovialidade. Havia, por ali, qualquer coisa de sauvignon blanc.
Marcou-me o Quinta do Ameal Colheita 2001. Uma complexidade aromática, um jogo de cheiros que nunca mais acabava. Uma bela evolução. Nunca passaria pela minha cabeça, que um vinho da casta Loureiro aguentasse assim tantos anos. Caramba.
Quinta do Ameal Licoroso (ou Colheita Tardia?). Assim que sentirem que está à venda, arrisquem (não tenham medo), um vinho muito curioso e muito interessante.

QUINTA da COVELA
Mais uma vez, foram os brancos que prenderam o nariz e a boca.
Covela Escolha 2006. Uma mistura curiosa: Avesso, Chardonnay e Gewürztraminer . A primeira casta completamente desconhecida. É apenas conhecida pela literatura.
Uma combinação entre erva doce, anis, tília e lichia com uma ponta de mineral em segundo plano.
Um branco, tendencialmente, diferente. Aquelas duas castas estrangeiras juntamente com o avesso, dão ao vinho um ar curioso.
Covela Colheita Seleccionada 2005. Aqui o lote muda para Avesso e Chardonnay. Um vinho branco mais estruturado, com mais peso. A barrica também ajudou.
Manteiga, mel, laranja e tangerina estão bem vincados. Os sabores eram ligeiramente caramelizados. Boa frescura. Decidamente um vinho para acompanhar comida.

LUIS PATO
Vinha Formal 2007. Muito perfume, a indiciar bom nível de complexidade. De relance, pude observar um belo jogo entre notas de combustível, fruta e o vegetal. Um branco sério, para ser bebido em momentos sérios.
E
fico-me pelo Quinta do Ribeirinho Pé Franco 2005. Um vinho que daria uma bela conversa. Não me atrevo a dizer muita coisa sobre ele, porque simplesmente não tenho capacidade para tal atrevimento. Leiam quem sabe, porque qualquer palavra vinda daqui será ligeira e cairá em lugares comuns.

QUINTA d
os ROQUES
Quinta dos Roques Encruzado 2007 está numa bela fase. A madeira menos evidente, muito equilibrado. Um vinho que é para beber, certamente, até à última gota e naturalmente ir guardando para ver como se vai comportando.
Flor das Maias 2005 é para continuar a ser mirado. Depois de uns valentes meses em garrafa aposto, mais uma vez, que é coisa séria. Maioritariamente construído com Touriga Nacional.
Quinta das Maias Jaen 2006. Com poder, com peso, com acidez, com secura na boca. Está, certamente, muito jovem. Quem diz que a Jaen não oferece vinhos com pujança? Irei certamente olhar, outra vez, para ele, pois merece que seja observado com mais calma, com mais atenção. É mais outra pulga atrás da orelha.

DOMINGOS ALVES de SOUSA
Decidamente estou a ficar apaixonado pelo Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco. O 2004 deu a ideia que está menos pesado, com menos laranja, menos mel e caramelo. Fiquei com a sensação (muito pessoal) que possuía mais frescura, tem mais acidez. Juventude a mais? (comparando com o 2003 e 2001). Um vinho de ódios ou de amores.
Quinta da Gaivosa, Vinha do Lordelo 2005. Pertence ao grupo dos superlativos. Aqui somos atacados pela impossibilidade de virar a cara.


Antes do fim, saltámos para as mesas.


Comentários

Gus disse…
Caro Pingus,

Parabens por mais uma 'bela reportagem' de um evento com produtores (e vinhos) de quem gosto bastantes, especialmente o Domingos e Tiago Alves de Sousa.

Fiquei com água na boca relativamente ao Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2004, que ainda não conheço, pois sou apaixonado pelo 2001 e 2003.
Abraço