As dúvidas da prova


As dúvidas da prova.

Lembrei-me à pouco (enquanto estava a vaguear pelos diversos blogs nacionais e internacionais) de perguntar-vos se, na vossa opinião, o acto de provar um vinho consegue estar livre de dúvidas? Haverá, por aí, alguém que se sinta seguro ao avaliar seja o que for? Ao atribuir uma menção, fá-lo com 100% de certeza?

Dizer o que vale determinada coisa é, para mim, uma das tarefas mais angustiantes. Não consigo libertar-me da sombra da dúvida.

Pergunto, inúmeras vezes, se um crítico (de vinhos) está livre desta fraqueza. Será que eles (os críticos), lá no fundo, têm dúvidas e assumem que existe uma grande dose de incerteza? Ou escondem-na para não dar parte fraca?

Provocando um pouco mais, será que acreditam piamente que não falham?


Comentários

NOG disse…
Meu caro, ninguém sabe ao certo, mas é curioso que muitas vezes concordamos com certas sensações e acordamos com certos comentários sobre determinado vinho. Essa concordância poderá significar que, ainda que não a 100%, temos «alguma razão» no que escrevemos... ainda que com dúvidas. Sem dúvidas só me lembro do outro, que agora é PR.

Ab.

N.
Anónimo disse…
Caríssimo a mim faz-me impressão quando leio nas notas de prova dos críticos os intervalos de consumo.
Pumadas disse…
Caro amigo,

Pois eu sou assombrado constantemente pela incerteza de ter sido correcto com este ou aquele vinho. Já me arrependi algumas vezes de pontuações que atribui, assumo-o, mas felizmente foram poucas.

Abraço
prtbarata disse…
Penso que se trata do risco de dar a conhecer ao Mundo os nossos gostos e como é muito difícil serem iguais entre várias pessoas... tmbém nós bloguistas temos as nossas diferenças e semelhanças, pois... não há gostos iguais!
Cristina disse…
Bem, eu como ainda estou no inicio, no que diz respeito à prova de vinhos, penso que é extremamente dificil, distinguir e descodificar tudo aquilo que concomitantemente se sente ao longo de uma prova.
Agora acredito que os profissionais, tenham duvidas, mas que ao longo de algumas provas, essas dúvidas vão deixando de existir.

"Todos têm dúvidas, o importante é assumi-las e o passo a seguir é saber desmitifica-las"
É sempre tudo mais fácil quando para quem lê sabe entender e interpretar os gostos de quem prova e dá a ler.

O acto da prova encerra sobre si uma dose elevada de responsabilidade, em que o provador deverá dentro da sua consciência e parâmetros a considerar, pontuar devidamente um vinho em causa.

No meio de tudo isto, navega a barca da ponderação, racionalidade e sobretudo da consistência e da credibilidade.

Quem prova um vinho e lhe atribui determinada nota, tem de pelo menos saber enquadrar essa nota nos restantes vinhos que já provou e também enquadrar a mesma nota dentro da qualidade do vinho, tudo isto com a cabeça e coração no seu devido sítio.

Fica mal pontuar um Montes Claros Reserva 2004 com 18 valores, fica mal dar um 19 a um Evel Grande Escolha, fica mal dar uma nota alta apenas porque se gostou muito e depois dizer «dei a nota porque sim».

Convém esclarecer bem quais as condições que cada um entende como suficientes para dar nota a um vinho, se provar num restaurante é suficiente, se provar na esplanada da praia ou pura e simplesmente provar em casa com os mesmos copos de sempre iguais para todos os outros vinhos etc etc...

É da minha opinião que a nota final a um vinho pela sua importância deve e tem de ser justificada por quem a atribui, não basta dar por dar.

Quando se dá uma nota, é porque se tem certezas da mesma... caso contrário é melhor dedicar-se a outra coisa que não a prova de vinhos.
Anónimo disse…
As opiniões são sempre subjectivas pois reflectem o pensamento de quem as emite, e numa prova de vinhos ainda mais, pois aqui ainda entra o gosto de cada um que ainda é mais subjectivo. Quem julga que o que diz é uma verdade absoluta está seguramente mais longe da verdade do que imagina.
O que é preciso é que todos nós tenhamos a humildade e a lucidez suficientes para perceber que a nossa opinião só nos vincula a nós próprios e poder admitir o nosso próprio erro. Eu já corrigi algumas notas depois de publicar um post por causa de comentários que me chamaram a atenção para alguma incongruência nas mesmas. E como é que podemos garantir que ao fim de um, dois, três anos, o que pensávamos daquele vinho a que demos aquela nota seria igual agora? À medida que o nosso leque de provas se vai alargando os nossos parâmetros de avaliação também se vão adaptando, pois aumentam os termos de comparação.
Que ninguém pense que isto de ponturar vinhos é como pontuar uma prova de matemática, em que só pode haver um resultado certo. Porque se for de português também já depende da interpretação...
Pedro Sousa P.T. disse…
Eu como "independente" tiro qualquer responsabilidade das minhas costas em dar determinada nota a um vinho, porque sou um curioso e um amante do vinho, nada mais. Isto dentro de uma certa consensualidade, é claro. Mas concordo com o copod3 quando diz que quem dá a nota tem de a fundamentar, principalmente os críticos, ou as pessoas ligadas ao vinho de uma forma profissional ou até literária.
Por outro lado, não há opiniões iguais. Se todos gostássemos do verde o que seria do vermelho...
E dúvidas, vão sempre haver...
Abraço.
Luis Prata disse…
Mais uma vez concordo com a opinião do João do Copod3, provar e classificar é algo que terá sempre de ter uma elevada dose de responsabilidade.

Eu por exemplo leio muitos Blogs de vinhos, mas dou mais atenção apenas aos que mais confio (comparo com a minha própria impressão do vinho), procurando neles por bons néctares a bom preço.

No meu Blog falo também um pouco de vinhos, dos que gosto, das sensações que me provocam, do perfil dos vinhos que mais gosto.

Dar pontuações não dou porque não me sinto na responsabilidade nem com competência para o fazer, sendo eu um mero apreciador.

Continuarei a falar apenas dos que gosto sem lhe atribuir qualquer classificação, deixando essa função para quem o sabe fazer, como vocês, e a meu ver muito bem.

Abraços
Pratas