Quinta do Abrunhal 2006

Apesar de ter nascido lá no meio da terra, nunca tinha olhado para ele de forma séria. Tendia sempre para outros vinhos. Achava que não traria nada de novo e serviria, apenas, para perder tempo. Puro engano!
Este tinto do Dão, proveniente da zona de Vila Nova de Tazem, é feito com o apoio do enólogo Rui Moura Alves. Quinta do Abrunhal é propriedade de um antigo sócio da Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem.
Desponta com fartas sugestões a morango, a framboesa e a cereja, a pastilha elástica com os mesmos sabores e (mais uma vez) a rebuçado bola de neve. Tentava apresentar-se com um ar modernaço. Sinceramente, não estava à espera (é um daqueles vinhos que estagia em tonéis de madeira). Os aromas aprofundaram-se com notas de cacau e um pouco de alcatrão (foi o que veio à cabeça).
Numa fase (bem) mais adiantada, salta qualquer coisa que fez lembrar casca de árvore. O mais espantoso, do meio de tudo aquilo, foi cheirar um razoável molho de ervas aromáticas. Escuso de referir nomes. Fiquei admirado.
Na boca mostrou ser um tinto sedoso e aveludado. Muito fresco e agradável. Os frutos envolviam-se com o tal cacau, formando um bloco coeso e espesso. Um leve fumo, meio discreto, sentia-se quase no fim. O álcool estava bem acorrentado ao corpo. Não se notava.
Sendo saboroso e guloso, este tinto do Dão não chateia, longe disso (tinha uma finura que não estava à espera).
Uma (autêntica) pechincha que merece ser conhecida.
Feito para ser bebido, enquanto está jovem (não acredito que tenha cabedal para durar muito). Para desfrutar. O resto são estórias. Nota Pessoal: 15

Post Scriptum: Se este vinho tivesse um pouco mais de chama, mais alma, acredito que poderia ser muito melhor. De qualquer maneira, gostei.

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